Quem é secretário do PR investigado por suspeita de fazer parte de esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico internacional

  • 18/10/2025
(Foto: Reprodução)
Carlos Augusto Ferreira, secretário da Fazenda de Maringá. Reprodução/Redes sociais Um dos alvos da segunda fase da Operação Mafiusi, realizada pela Polícia Federal é Carlos Augusto Ferreira, de 64 anos, secretário da Fazenda de Maringá, no norte do Paraná. Ele assumiu a pasta neste ano e foi nomeado na atual gestão do prefeito Silvio Barros (PP). A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico internacional. Nesta quinta-feira (16), agentes da Polícia Federal (PF) foram até a casa do secretário e apreenderam três carros de luxo. Os veículos são das marcas Ferrari – avaliado em mais de R$ 2 milhões –, Porsche e Mercedes-Benz. A investigação da Polícia Federal apontou que Carlos fez operações financeiras de até R$ 1 milhão para um operador financeitro ligado ao narcotráfico internacional. Veja prints das conversas abaixo. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Maringá no WhatsApp Ferreira se formou em engenharia industrial mecânica em São Paulo. Conforme a prefeitura de Maringá, ele possui 30 anos de experiência como empresário e já ocupou cargos executivos em empresas nacionais e multinacionais, como Grupo Telefônica Brasil e Espanha, Brasil Telecom, Unibanco Brasil e EUA, Towards Technologies Company, PricewaterhouseCoopers e Companhia Sul-americana de Distribuição. O perfil do secretário que consta na página da prefeitura diz ainda que, como executivo, Carlos chegou a gerenciar patrimônios que variam entre US$ 180 milhões e US$ 1 bilhão. Em Maringá, ele foi responsável pela fusão de importantes supermercados da cidade, CEO de um grupo empresarial ligado ao ramo da saúde, além de ser diretor e fundador de outras duas empresas na cidade. Atualmente, além de secretário, Ferreira também é membro do Conselho Administrativo do Aeroporto Regional de Maringá. A investigação inclui dados extraídos do celular de um homem apontado como operador financeiro de um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas. O documento mostra trocas de mensagens entre o secretário e o operador financeiro do esquema, entre 2022 e 2024. Na época, Carlos Augusto Ferreira era presidente do Pinbank, uma instituição financeira digital (empresas conhecidas como fintechs). As conversas, segundo a investigação, indicam que Ferreira "oferece a estrutura da fintech para movimentação de recursos" cuja origem é suspeita. Em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, na tarde desta sexta-feira (17), Ferreira afirmou que houve uma confusão com o telefone encontrado nas conversas interceptadas: "Eu fiquei por um breve período fazendo um trabalho interino de 18 dias em 2024 na Pinbank e meu nome figurou nos documentos da empresa como presidente interino, mas não foi levado adiante. Eu fiquei temporariamente como candidato, mas não cheguei a presidir a empresa. Eu fiz um levantamento aqui através das mensagens e identifiquei que tinha um número. Esse número é o mesmo de 2022 e 2024 e é um número de telefone de Miami. Eu levantei isso e vi que é de um dos sócios do Pinbank. Eu comuniquei eles, que tomaram as providências de comunicar ao Ministério Público espontaneamente, deixando claro que eu não sou essa pessoa", disse à RPC. O g1 procurou o Pinbank para se manifestar sobre as afirmações de Ferreira, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. Na nota, enviada pela empresa na manhã de sexta-feira, antes da entrevista do secretário, o Pinbank afirmou que Ferreira foi indicado para o cargo de Diretor-Presidente da instituição e permaneceu por 18 dias, "período em que atuou apenas como consultor, sem poderes para representar ou se manifestar em nome da companhia. A designação não chegou a ser efetivada e foi posteriormente suspensa por não atender os requisitos formais." A instituição destacou que não mantém qualquer vínculo atual com Ferreira e disse estar comprometida com a transparência e colaborando com as autoridades competentes. No dia em que a operação foi realizada, a defesa de Ferreira também enviou uma nota. Leia as notas da empresa e do secretário na íntegra abaixo. A Prefeitura de Maringá informou a investigação não tem relação com o trabalho de Ferreira na secretaria municipal. Disse também que o secretário pediu licença temporária para esclarecer os fatos e que, antes da nomeação, nenhuma certidão exigida identificou irregularidades no histórico de Ferreira. Leia a nota na íntegra: "A Prefeitura de Maringá informa que o objeto da investigação não tem relação com a gestão municipal. O secretário da Fazenda Carlos Augusto pediu licença temporária para se dedicar totalmente a esclarecer os fatos. O município destaca que, no processo de nomeação dos secretários, todas as certidões exigidas são devidamente verificadas, e que o servidor não apresentou qualquer registro que o desabonasse. A Prefeitura reitera a confiança nas instituições, no devido processo legal e no direito à ampla defesa", afirmou a nota. Na tarde de quinta-feira, uma portaria foi publicada pela prefeitura informando oficialmente a licença de Ferreira do cargo de secretário entre os dias 17 de outubro e 15 de novembro de 2025. O superintendente da Secretaria da Fazenda, Alessandro Barbosa, foi nomeado por meio de um decreto para assumir o cargo durante o período, de forma interina. Conversas entre o secretário e operador do esquema estavam em celular de investigado Mensagens trocadas com suspeito motivaram investigação contra secretário de Maringá A RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, teve acesso ao documento da Justiça Federal que fundamenta a autorização do cumprimento de mandados contra investigados na segunda fase da Operação Mafiusi, que tem como foco um esquema de lavagem de dinheiro. A investigação inclui dados extraídos do celular de um homem apontado como operador financeiro de um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas. O delegado da Polícia Federal Eduardo Verza explica como o grupo atuava: "Nós encontramos evidências diretas de ações de remessa de droga. E toda ação de remessa de droga, necessariamente, precisa ter a movimentação financeira para que esse valor seja recebido. Então, para isso eles utilizam contas de laranjas, contas de empresas de fachada. [...] Eles se utilizam da estrutura do mercado formal para lavar o dinheiro do crime organizado. Pra que esse dinheiro possa retornar para eles com uma aparência lícita." No documento, os investigadores apontam indícios de que Ferreira sabia da origem ilegal dos valores movimentados. Em uma conversa registrada no dia 20 de dezembro de 2022, o operador financeiro pede para que Ferreira auxilie em uma transação de R$ 40 mil. O pedido era para que o valor fosse enviado para duas contas distintas, sem que a movimentação saísse diretamente da conta do investigado. A autoridade policial afirma que o objetivo seria "dissimular a origem dos recursos". Operador financeiro do esquema pediu ajuda ao secretário da Fazenda de Maringá em transferência de R$ 40 mil, segundo investigação. Reprodução Em outro momento, no dia 24 de abril de 2023, o operador financeiro pede para Ferreira uma autorização especial para creditar R$ 1 milhão na conta dele, dizendo que o valor seria referente à venda de um imóvel. Para os investigadores, a transação imobiliária foi feita em uma "simulação negocial com o objetivo de ocultar bens." Na mesma conversa, o operador financeiro cita o nome de uma distribuidora de combustíveis que já havia sido mencionada na investigação como sendo uma das supostas empresas utilizadas pela organização criminosa para lavagem de dinheiro do tráfico. "O fato de ter mencionada o nome da referida empresa seria mais um indicativo de que CARLOS AUGUSTO teria conhecimento de que os recursos movimentados [...] seriam de procedência ilícita", aponta o documento. Secretário da Fazenda de Maringá auxiliou operador financeiro do esquema em transferência de R$ 1 milhão, segundo investigação. Reprodução Leia a nota do Pinbank na íntegra, enviada na manhã de sexta-feira (17) O Pinbank informa que o Secretário da Fazenda de Maringá, Carlos Augusto Ferreira, foi indicado em 17 de abril de 2024 para o cargo de Diretor-Presidente da instituição, permanecendo designado por 18 dias, período em que atuou apenas como consultor, sem poderes para representar ou se manifestar em nome da companhia. A designação não chegou a ser efetivada e foi posteriormente suspensa por não atender os requisitos formais. A instituição destaca que não mantém qualquer vínculo atual com o referido Secretário e reitera seu compromisso de transparência e colaboração com as autoridades competentes. O que diz a defesa do secretário Leia a nota do secretário na íntegra, enviada na quinta-feira (16): Carlos Augusto Ferreira - Secretaria da Fazenda Redes sociais Hoje, 16 de outubro de 2025 as 06:30 da manhã fui surpreendido por equipe da Polícia Federal, equipe de Londrina, com um MANDADO DE BUSCA E APREENSAO, em minha residência, os quais foram recebidos e nos colocamos a disposição tendo colaborado com as autoridades naquilo que me foi solicitado. Desconheço do que se trata pois não tivemos, ainda, acesso ao conteúdo do Inquérito que corre na 23ª Vara Federal de Curitiba sob sigilo, apenas sabemos que os fatos iniciais são de 2022, tendo o numero IPL 2022.0054361-SR/DPF/PR, neste período minha única ocupação era como Executivo do Grupo Empresarial de Saúde Nacional não tendo outra atividade empresarial, consultoria ou participei de Conselhos de Administração de qualquer empresa. Em minha residência, posso afiançar, que nada ilícito ou obtido de forma torpe foi encontrado e vamos ultimar esforços com nosso advogado para ter maiores detalhes e esclarecer os fatos. No meu histórico profissional, como Executivo Sênior e Empreendedor a décadas nenhuma mazela foi identificada, assessorei diversos clientes em assuntos específicos nas competências que possuo, fusões, aquisições e melhoria de performance. Saliento que esta fase de inquéritos diz respeito a prospecção probatória onde não se pode exercer o amplo de direito de defesa ou, ainda no meu caso, qualquer obstaculização e ações das autoridades, o que respeito e respeitarei sempre. Assim que tivermos acesso ao inquérito policial informaremos maiores detalhes. Na condição de Secretário Municipal da Fazenda solicitei ao Sr Prefeito licença para ter acesso e compreender o teor do Inquérito e providenciar minha defesa naquilo que couber e certamente demonstrará total isenção e nenhuma ligação com os fatos em Investigação. Operação Carros de luxo apreendidos na casa do secretário da Fazenda de Maringá. PF O objetivo da operação, segundo a PF, é desarticular o núcleo financeiro de uma organização criminosa que movimenta e faz a lavagem do dinheiro do narcotráfico internacional. Para isso, foi apurada a existência de uma rede de pessoas físicas e jurídicas. Esta é uma nova fase da Operação Mafiusi, que foi deflagrada em dezembro de 2024. À época, a investigação apurou que o dinheiro é movimentado em espécie e por câmbio paralelo. Para isso, eram usadas fintechs e empresas de fachada. Documentos fictícios foram criados para justificar a origem dos valores, forjando serviços de locação de veículos e máquinas, por exemplo. Há também a suspeita de que o mesmo grupo pagou R$ 9.250.000,00 em cotas do São Caetano Futebol Clube, de São Paulo, com o dinheiro do tráfico internacional. Esse valor, conforme a investigação, foi dividido em parcelas, com entrada de R$ 5.300.000,00 antes da assinatura do contrato. Em nota, o clube disse que a ligação com as pessoas investigadas acabou há "vários anos". Também afirmou que a gestão atual é composta por profissionais com décadas de atuação no futebol. Leia abaixo o comunicado na íntegra. Nesta quinta-feira, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão e três de prisão preventiva em Maringá, Curitiba, São Paulo (SP), Santana de Parnaíba (SP), São Bernardo do Campo (SP), São Caetano do Sul (SP), Ribeirão Pires (SP), Peruíbe (SP) e Jardinópolis (SP). No total, houve bloqueio de aproximadamente R$ 13.890.000,00 em bens, contas bancárias e aplicações dos investigados. Leia a nota do São Caetano Futebol Clube na íntegra: O São Caetano Futebol Clube esclarece que algumas das pessoas mencionadas na nova fase da Operação Mafiusi, deflagrada nesta quinta-feira (16) pela Polícia Federal, tiveram vínculo com o clube apenas por um curto período de tempo, em gestões anteriores, não sendo pessoas oriundas do meio esportivo. Essas pessoas deixaram de exercer qualquer atuação perante o São Caetano Futebol Clube há vários anos. O Clube é administrado por uma gestão profissional, composta por dirigentes e colaboradores com comprovada atuação no futebol há décadas, e nunca tiveram mácula que desabone sua atuação profissional. Desde então, o São Caetano Futebol Clube vem passando por um amplo processo de reestruturação e fortalecimento institucional, com foco na transparência, na gestão responsável e na valorização do esporte, inclusive o clube obteve na Justiça o deferimento de seu pedido de recuperação judicial, medida que tem permitido a organização de sua estrutura administrativa e financeira, garantindo maior eficiência, sustentabilidade e capacidade de retomada de seu histórico papel de destaque entre os grandes clubes do futebol brasileiro. Nos últimos anos, o São Caetano tem alcançado importantes conquistas no futebol, além de formar e revelar diversos atletas profissionais, que hoje representam o clube em competições oficiais como o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. O clube reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e o desenvolvimento do esporte, colocando-se à disposição das autoridades competentes para qualquer esclarecimento que se faça necessário. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/10/18/quem-e-secretario-do-pr-investigado-por-suspeita-de-fazer-parte-de-esquema-de-lavagem-de-dinheiro-para-o-narcotrafico-internacional.ghtml


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