PM que atirou em Herus durante operação tentou desligar câmera corporal, diz MPRJ

  • 06/12/2025
(Foto: Reprodução)
Vídeos mostram momento em que PM do Bope atira e mata Herus durante operação no Santo Amaro, na Zona Sul do Rio O policial militar Daniel Sousa da Silva, denunciado pelo Ministério Público do Rio pela morte de Herus Mendes em uma operação no morro Santo Amaro, na Zona Sul do Rio, foi filmado pelas câmeras corporais de outros agentes tentando desligar o próprio equipamento. As informações constam na denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) desta sexta-feira (5). Além de Daniel, o MPRJ também denunciou o tenente Felippe Carlos de Souza Martins pelo homicídio qualificado do jovem de 23 anos. No vídeo, Daniel conversa com um cabo da Polícia Militar: "Sabe mexer nessa p&rra aqui?", diz, referindo-se à câmera corporal. "Sei", responde o policial. "Passar esse bagulho aqui porque eu quero ver essa p%rra agora", diz Daniel. Vídeo mostra policial atirando em jovem no Morro Santo Amaro Reprodução/TV Globo Quando é abordado por moradores, Daniel diz: "Eu não dei nenhum tiro" No entanto, por volta das 4h, ao deixar o local da operação, as câmeras corporais mostram que Daniel assumiu que atirou: "Esse maluco da escada foi comigo. Esse moleque da escada", disse ele. A defesa do sargento Daniel afirmou que ele não teve a intenção de matar Herus. Procurada, a defesa do tenente Felippe diz que ele agiu "dentro da absoluta legalidade" (leia as notas ao fim da reportagem). 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça Herus foi morto no Morro Santo Amaro Reprodução/TV Globo Policiais desaprovam operação Segundo a PM, os agentes foram até a comunidade, no dia 7 de junho deste ano, para tentar capturar traficantes ligados ao Comando Vermelho. Os próprios policiais, no entanto, demonstraram sua insatisfação antes da ação. "300 mil crianças, tá cheio de criança na rua. Ficar igual gato e rato? Mais fácil abortar a missão", disse um dos policiais militares. Por volta das 2h50, um policial comenta com outro que havia um ponto do Santo Amaro com várias crianças em um pula-pula, bem próximo a onde alguns traficantes estavam. O PM questiona a ordem de fazer a operação. "Pô, tem que ir porque tem que ir? Não é assim. Vai queimar o ponto à toa". Outro diz que não vai subir para fazer a operação. "Não vou subir, irmão. É melhor eu não subir e não dar tiro numa criança do que eu estar preso." LEIA TAMBÉM: MPRJ denuncia dois PMs pelo homicídio qualificado de Herus Mendes Pais de Herus chamam de covarde atitude de PMs que mataram jovem no Santo Amaro VÍDEO: PM atira em jovem na comunidade do Santo Amaro durante operação Família de Herus receberá indenização do Estado Escada onde Herus foi morto Reprodução/TV Globo Drone viu festa junina e criminosos próximos Festa junina no Morro Santo Amaro Reprodução/TV Globo Segundo o MPRJ, o tenente Felippe sabia da festa junina que acontecia na comunidade e não avisou aos seus superiores. "Omitiu- se de maneira penalmente relevante, faltando aos deveres acima referidos, ao deixar de comunicar aos seus superiores que se realizava uma festa junina na Rua Luís Onofre Alves e ao manter, mesmo sob tais condições, a realização da operação policial", diz o MP. O Ministério Público aponta que ele pediu várias vezes para realizar a operação no dia 6 de setembro, sexta-feira, o que foi autorizado somente às 23h daquele dia. Um voo de drone foi realizado antes da ação e apontou a festa junina, com grande aglomeração de pessoas, assim como a presença de criminosos armados em um local próximo. O tenente, então, ordenou que os PMs não entrassem na rua Luiz Onofre Alves, onde ocorria a festa, mas sim pelas vias próximas. Para o MP, a medida foi insuficiente para diminuir os riscos de danos colaterais da operação. Herus Guimarães Mendes Reprodução Relembre o caso MPRJ denuncia dois PMs pelo homicídio qualificado de Herus Mendes no Santo Amaro, no Rio Vídeos das câmeras corporais dos PMs que participaram da operação mostram o momento em que Herus foi baleado. Ele estava em uma festa junina quando a PM iniciou uma operação na comunidade. O material foi obtido com exclusividade pelo g1 e pela TV Globo. Os vídeos e a análise das provas levaram o Ministério Público a denunciar os policiais. Segundo o MP, Herus estava desarmado e de costas para os agentes do Bope. "A movimentação corporal de Herus Guimarães Mendes era inequivocamente compatível com a busca por abrigo e proteção, e não com qualquer ato de agressão ou ameaça", diz a denúncia do MPRJ. A festa onde tudo aconteceu é tradicional no local e, na ocasião, a comunidade recebia quadrilhas juninas de vários lugares do estado. Herus trabalhava como office boy em uma imobiliária, de acordo com parentes. Os policiais alegaram que tinham informações de que traficantes estavam naquele local e, ao chegar à comunidade, foram fortemente atacados por criminosos Na denúncia do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp), os promotores ainda discordam do relatório da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que diz que o Daniel agiu em legítima defesa putativa — quando a pessoa age acreditando estar sendo atacada ou em risco, mas, na verdade, não há ameaça real. Denúncia do MP sobre o caso Herus Reprodução/TV Globo O relatório diz que o policial que atirou levou dois segundos entre avisar ao jovem para que viesse ao seu encontro e atirar contra Herus, pensando que supostamente fosse uma ameaça. No entanto, os vídeos mostram que, entre os gritos e os tiros, a duração é de um segundo. Segundo o MPRJ, a conclusão da Polícia Civil é "no mínimo inusitada", e que as provas não corroboram a avaliação da DH de que um suposto movimento brusco de Herus poderia representar uma ameaça para o policial Daniel de Sousa, que atirou na vítima. A defesa dos agentes do Bope afirmou que Daniel não tinha nenhuma intenção de matar a vítima. “Os policiais já tinham informações de que traficantes estavam naquele local. Ao chegar à comunidade, foram fortemente atacados pelos criminosos. Não restou ao policial alternativa senão se defender e proteger sua patrulha. O Ponta 1 jamais teve a intenção de matar; ele apenas reagiu para defender a própria vida e a de sua patrulha”, explicou o advogado de defesa, Patrick Berriel. A defesa do tenente Felippe afirmou que ele tinha uma determinação legal a cumprir e agiu dentro da absoluta legalidade. O tenente adotou todas as cautelas necessárias, inclusive entrando pela lateral do local, que se chama “escadaria”. "O tenente possuía uma missão claramente definida e a conduziu observando todos os protocolos de segurança", diz a defesa. Protesto após morte de office-boy no Morro Santo Amaro Jefferson Monteiro/TV Globo DHC diz que PM agiu em legítima defesa DH conclui investigação sobre morte de jovem durante festa junina no Santo Amaro No relatório final, a DHC afirmou que o sargento Daniel agiu em legítima defesa putativa, acreditando estar sob ameaça falsa. Segundo a Polícia Civil, o PM estava em uma área de intenso confronto, pediu que Herus fosse até ele e viu um objeto reluzente na mão direita do jovem, que era seu celular, em um cenário "caótico, hostil e típico de confronto armado." De acordo com o relatório da Polícia Civil, nenhuma arma foi encontrada com a vítima, que não apresentava uma ameaça real. Imagens das câmeras analisadas pela DHC mostram que Herus estava no topo de uma escadaria, de casaco preto, capuz e short preto. O policial, por sua vez, estava em uma escada estreita, em posição de desvantagem e sem abrigo disponível, segundo a polícia. Uma câmera de um dos policiais registra o momento que um PM pergunta a outro se a vítima, caída na escada já agonizando, era "band", referindo-se à palavra bandido. Não é possível ouvir a resposta do policial. Segundo o documento, Herus foi morto por um erro do sargento Daniel, "plenamente justificável pelas circunstâncias". A vítima foi levada para o hospital por uma equipe do Bope. O que dizem os citados A Delegacia de Homicídios da Capital informou que concluiu a investigação baseada em critérios técnicos, após diversas diligências, como análise de laudos periciais e de imagens. Disse ainda que aguarda a decisão da Justiça. A defesa do policial Felipe Carlos Martins disse que ele tinha uma determinação legal a cumprir e agiu dentro da absoluta legalidade e que o tenente adotou todas as cautelas necessárias. A defesa de Daniel Sousa da Silva disse que ele não tinha nenhuma intenção de matar a vítima e que os policiais tinham informações de que traficantes estavam naquele local. Informou ainda que, ao chegarem, foram atacados por criminosos e que não restou ao policial outra alternativa senão se defender e proteger a patrulha. Delegacia de Homicídios da Capital Reprodução/TV Globo

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/12/06/pm-atirou-herus-operacao-camera-corporal-mprj.ghtml


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