Pai alerta para 'desafio' nas redes sociais depois de filha morrer após inalar desodorante; entenda riscos
11/12/2025
(Foto: Reprodução) Por que inalar desodorante pode levar a uma morte rápida?
Um pai da Inglaterra lamentou a morte da filha depois que a adolescente de 13 anos, Tiegan Jarman, inalou vapores de um desodorante. A prática, conhecida como "chroming", é comum em desafios online e tem a adesão de adolescentes no mundo inteiro.
A adolescente foi encontrada inconsciente em seu quarto no dia 6 de março. E apesar das tentativas de reanimação, morreu no local. O pai, Paul Jarman, descreveu a filha como uma garota amorosa, ousada e de risada contagiante, de acordo com o Daily Mail.
A irmã de Tiegan, Alisha, abriu uma petição online pedindo que produtos como desodorantes e solventes tragam avisos claros sobre os riscos de inalação. Além disso, ela alerta para os perigos das redes sociais e pede que sejam ensinados de forma aprofundada nas escolas.
A família espera conscientizar pais e jovens sobre os perigos das famosas "trends". O padrasto da adolescente lamentou que, embora plataformas digitais controlem conteúdos sensíveis, não parecem se preocupar com desafios.
Montagem com a adolescente e o pai.
Divulgação/Change.org
Casos semelhantes no Brasil
No Brasil, alguns casos semelhantes já foram registrados. Em abril, uma menina de 8 anos morreu depois de inalar o spray de um desodorante. Além dela, outros dois casos foram registrados nos meses anteriores.
As mortes foram motivadas pelo mesmo desafio, segundo autoridades, que consiste em inalar o spray e segurá-lo na boca pelo maior tempo possível. O que os médicos alertam é que a trend é letal, causando paradas cardíacas.
🔴 Em fevereiro, uma menina de 7 anos do ABC Paulista inalou o spray de um desodorante após assistir a um vídeo nas redes sociais e teve uma parada cardíaca. Em março, outros dois casos vieram à tona: o de Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, de Pernambuco; e o de Sarah Raissa Pereira de Castro, de 8 anos, do Distrito Federal.
🔴 O que a médica pneumologista e membro da Academia Nacional de Medicina, Margareth Dalcolmlo, explica é que isso é letal, principalmente para crianças.
Como o desodorante age no corpo?
A médica explica que os sprays, em geral — não só os desodorantes —, formam uma névoa fina no ar que pode penetrar no pulmão. Depois disso, há um efeito em cascata:
Após inalar a névoa do desodorante ou de qualquer outro spray, as partículas são tão finas que conseguem chegar aos alvéolos pulmonares.
A função dos alvéolos pulmonares é fazer a hematose. Quando respiramos, o oxigênio se espalha pelo sangue. Enquanto isso, o gás carbônico passa para o interior dos alvéolos.
Intoxicados pelo spray, eles param de fazer essa troca gasosa e a criança tem uma queda nos níveis de oxigênio no sangue.
A resposta do corpo a esse colapso é uma parada cardíaca — como aconteceu com as vítimas.
A médica explica que a sensação inicial, enquanto a intoxicação acontece, é de euforia — o que leva pessoas a compartilharem o desafio —, mas que rapidamente ela é convertida em uma parada. Como esses desafios são feitos entre as crianças, fora do alcance de um adulto, muitas vezes não há como fazer os primeiros socorros.
“Isso é muito grave, ainda mais em crianças que têm uma superfície pulmonar pequena. Qualquer quantidade pode ser muito e acabar colapsando o sistema, causando a parada cardíaca”, explica Margareth Dalcolmo.
Os riscos do acesso de crianças à internet
O desafio faz parte de um viral nas redes sociais, que as crianças estão acessando. A médica alerta que, como pneumologista, vem percebendo no consultório atendimentos de crianças e adolescentes com problemas de saúde motivados por influências online — como é o caso dos cigarros eletrônicos.
O que ela e outros especialistas alertam é que é preciso estar atento ao que os filhos veem online e em quais redes sociais estão. No caso do TikTok e do Instagram, por exemplo, a idade mínima é de 13 anos.
"Já sabemos o quão prejudiciais são os celulares para as crianças. Eles já estão proibidos nas escolas. Precisamos nos cercar mais, falar com eles sobre essas situações na internet, proibir o acesso tão cedo às redes sociais. Eles são inocentes e não podem decidir por si as consequências”, explica Dalcolmo.