Homem que morreu atingido por barra de supino segurou equipamento de maneira inadequada, conhecida como 'pegada suicida', diz especialista
03/12/2025
(Foto: Reprodução) Homem morre após ser atingido por barra em academia de Olinda
Uma pegada errada pode ter causado o acidente em que um homem morreu após ser atingido por uma barra durante um exercício numa academia em Olinda. Ronald José Salvador Montenegro, de 55 anos, fazia o exercício de supino reto com barra livre quando o equipamento caiu sobre o tórax dele. O caso foi filmado por uma câmera de segurança (veja vídeo acima).
Segundo Lúcio Beltrão, presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref) da 12ª Região/Pernambuco, a forma como Ronald segurava a barra, sem colocar os polegares ao redor do equipamento, é considerada inadequada. O laudo sobre a causa da morte ainda não foi finalizado.
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O acidente aconteceu na segunda-feira (1º). Nas imagens, é possível ver que a pegada utilizada por Ronald é conhecida como "pegada suicida", ou "false grip", quando o dedo polegar não envolve a barra. O equipamento, então, fica apoiado nas palmas das mãos e nos outros dedos.
"Acho que ele pegou os cinco dedos passando da barra, se eu não me engano. Era para ter fechado. Esse nome [pegada suicida] é o que a turma chama, não é um nome científico, mas ele se colocou em risco, em perigo. [...] O risco é o que aconteceu, que é escorregar e cair. Quando você fecha o dedo, diminui o risco de a barra cair, porque você tem um dedo ali dificultando. Eu diria que tudo que você faz para reduzir o risco, você deve tentar fazer", afirmou Lúcio Beltrão.
O profissional contou, ainda, que não se pode atribuir de maneira oficial o acidente à "pegada suicida", mas que os riscos são consideravelmente maiores.
"Podia não ter sido isso, poderia ser que, mesmo com o dedo ali, a carga seria tão alta que ele não teria sustentado. Bom, tem muitos ‘se’, mas a pegada correta, a carga correta, são um conjunto de fatores que ajudam a evitar o acidente", declarou.
Ainda segundo o presidente do Cref, além de fechar as mãos, é possível utilizar equipamentos para reduzir o risco de acidente, mas tudo deve ser bem ajustado.
"A questão da luva também, tem regra dizendo que [é para fazer] com luva, sem luva… tem luva que pode, inclusive, fazer com que escorregue. Vai ter luva um pouco mais áspera, que pode fazer com que escorregue menos. Mas, de novo, a pegada certa ajuda, a carga correta ajuda, é um conjunto de cuidados", explicou.
Lúcio Beltrão também lembrou que acompanhamento profissional é essencial.
"Eu vi que no final, o professor chega depois. Não sei se ensinou [a pegada correta] e ele não fez, se ele viu alguém fazendo e foi copiar, ou se ele viu na internet… Deveria ter pego com os dois dedos tocando um no outro, mas ele deixou o polegar de fora e [a barra] escorregou na parte final da mão", declarou.
O acidente
Ronald Montenegro faleceu após barra de supino cair sobre o tórax, em Olinda
Reprodução/WhatsApp
Após ser atingido pela barra, Ronald José Salvador Montenegro se levanta, mas cai no chão segundos depois. Ele chegou a ser socorrido e levado por profissionais do estabelecimento à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Doce, mas não resistiu.
De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado na Delegacia de Rio Doce como morte acidental. Ronald malhava na RW Academia, na unidade de Jardim Atlântico.
Procurada pelo g1, a RW Academia se solidarizou com o falecimento do aluno e disse que o ocorrido foi um acidente, "uma fatalidade que deixou a todos nós muito abalados". A nota diz ainda que a academia reitera os sinceros sentimentos a toda a família.
A academia também foi questionada se o local está apto a realizar primeiros socorros e por que não havia um profissional acompanhando Ronald durante o exercício. A empresa respondeu que:
A equipe prestou atendimento imediato, acionando socorro especializado;
A academia é devidamente registrada no Conselho Regional de Educação Física;
Embora primeiros socorros façam parte da formação em Educação Física, a academia realiza treinamentos periódicos de primeiros socorros com toda a equipe;
Há professores formados para atender os alunos em todos os horários.
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