Dia do Doador: idoso encerra 50 anos de doações de sangue com centenas de vidas salvas
25/11/2025
(Foto: Reprodução) Dia do Doador: Idoso encerra 50 anos de doações de sangue com centenas de vidas salvas
O Ministério da Saúde adverte: uma única bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas. E o aposentado Joaquim Garcia, de 69 anos, pode se orgulhar de ter contribuído com dezenas delas ao longo de 50 anos, ao manter uma rotina de pelo menos duas doações por ano desde 1975.
Devido às regras que limitam a idade para doação até 70 anos, Joaquim realizou no sábado (22) sua última doação no Hemonúcleo Regional de Jaú (SP). Mesmo assim, o gesto mantido por meio século é destacado no Dia Nacional do Doador de Sangue, celebrado nesta terça-feira (25), como exemplo de dedicação e altruísmo.
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Joaquim Garcia é doador de sangue há 50 anos
Hospital Amaral Carvalho/Divulgação
Ao g1, Joaquim, morador de Jaú, contou detalhes dessa trajetória de solidariedade, que começou ainda aos 19 anos, a pedido do próprio pai para ajudar uma vizinha.
"Uma senhora que conhecia a nossa família estava precisando. Faz muito tempo, mas lembro do meu pai falando que eu iria ajudar, e foi assim que tudo começou. Lembro que ela ficou boa com a minha ajuda", conta.
A partir daquele momento, segundo Joaquim, ele ganhou gosto pelo gesto, que pode ser feito, no caso dos homens, até quatro vezes ao ano, com intervalos de 60 dias entre as doações. Para mulheres, são possíveis três doações em um espaço de 12 meses, com intervalos de 90 dias entre elas.
"Vi na doação de sangue uma forma de ajudar as pessoas. Me sinto até mais leve depois de fazer uma doação. É saber que, de alguma forma, estou contribuindo nesse mundo", pontua.
Primeira doação de sangue de Joaquim Garcia foi feita quando tinha apenas 19 anos
Arquivo pessoal
Além da primeira doação, Joaquim relembra com emoção de quando pôde ajudar alguém que estava sendo socorrido após um grave acidente em uma rodovia em Ourinhos, no interior de SP.
"Acho que faz uns 45 anos. Foi em uma rodovia, em Ourinhos, na Raposo Tavares. Houve um grave acidente, ficou tudo parado. Os paramédicos perguntaram se alguém podia doar o sangue para uma das vítimas, ali na hora mesmo, e eu pude ajudar", relembra.
"Meses depois, o marido daquela mulher que foi socorrida veio até em casa agradecer, porque aquela doação havia ajudado a salvar a vida da esposa dele. Aquilo me marcou muito", comenta.
Considerado "sangue bom" pela equipe médica, Joaquim diz ter perdido a conta de quantas doações fez ao longo de 50 anos. Mas, segundo o Hospital Amaral Carvalho (HAC), responsável pelo Hemonúcleo Regional de Jaú, só na unidade foram mais de 30 doações nos últimos 19 anos.
"Infelizmente, não temos os registros mais antigos das doações, mas ele é um doador altruísta, que doa sem saber para quem será usado. O seu gesto de solidariedade, só nesse período que temos registrado, contribuiu para a produção de 100 a 120 hemocomponentes, ajudando a salvar de 100 a 120 vidas", comenta Marcos Mauad, médico hematologista do HAC e coordenador do Hemonúcleo Regional de Jaú.
Joaquim Garcia fez a última doação de sangue no Hemonúcleo de Jaú (SP)
Hospital Amaral Carvalho/Divulgação
Além do Hospital Amaral Carvalho, especializado no tratamento de pessoas com câncer, o Hemonúcleo Regional de Jaú abastece outros 11 hospitais da região, tornando as doações ainda mais necessárias.
"Pacientes em tratamento contra o câncer frequentemente necessitam de transfusões sanguíneas para enfrentar os efeitos colaterais da quimioterapia, cirurgias ou eventuais complicações hematológicas associadas à doença, mas o sangue doado também pode ser usado em pessoas que se submetem a cirurgias eletivas de grande porte ou em caso de emergências", comenta o médico.
Com a "aposentadoria compulsória", Joaquim agora tem como missão incentivar mais pessoas a doarem.
"Eu falo para os meus amigos doarem. Não dói nada, é tão simples e faz tanta diferença para muita gente. Não tem nem noção de quantas pessoas precisam", pontua.
Joaquim Garcia é doador de sangue em Jaú
Arquivo pessoal
Minutos que salvam vidas
O processo completo de doação de sangue é simples e leva cerca de 40 minutos, entre o cadastro, triagem, coleta e lanche pós-doação. A coleta de sangue, em si, é um procedimento rápido, que geralmente leva de sete a 15 minutos.
Todo o material utilizado é descartável, garantindo segurança total para o doador. Após a coleta, o sangue passa por uma análise rigorosa para assegurar que esteja apto para uso hospitalar.
"Após a coleta, separamos o sangue em hemocomponentes, como concentrado de hemácias e de plaquetas, que podem ser utilizados em diferentes tratamentos. Isso possibilita que apenas um doador possa salvar até quatro vidas. Esse gesto de doação e amor ao próximo é de extrema importância", afirma o coordenador do Hemonúcleo Regional de Jaú, Marcos Mauad.
"Além da satisfação pessoal de ajudar quem precisa, doar sangue promove uma cultura de solidariedade e humanidade. Pequenas ações como essa constroem uma sociedade mais consciente e fortalecem o vínculo entre as pessoas. Ao doar sangue, você pode não só salvar vidas, mas também inspirar amigos, familiares e colegas a fazerem o mesmo", aponta o médico.
Conheça o caminho do sangue após a doação
A realidade da doação de sangue no Brasil
Menos de 2% dos brasileiros doam sangue regularmente, e os hemocentros vivem com estoques baixos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como meta a doação por 3% a 5% da população de um país, e o Brasil chega a 1,9%, segundo dados do Ministério da Saúde.
Segundo especialistas, muitas pessoas só pensam em doar quando alguém próximo precisa, mas o medo e o desconhecimento sobre o procedimento são fatores importantes da baixa adesão.
Coleta de sangue, em si, é um procedimento rápido, que geralmente leva de sete a 15 minutos
Reprodução/TV TEM
Um levantamento de uma farmacêutica, realizado no início de 2021 em oito países (incluindo o Brasil), apontou que 54% das pessoas nunca doaram e não pretendem doar no futuro, geralmente com idade entre 16 e 44 anos, classe social média ou baixa, renda fixa e não casadas.
Doar sangue não faz parte da rotina de 48% da população, enquanto outros 23% doam apenas pontualmente e 9% somente quando solicitados, em casos de necessidade de familiares ou conhecidos.
"Com as proximidades das festas de final de ano, esses números tendem a ficar ainda mais críticos, principalmente de doadores de primeira vez", pontua Marcos Mauad.
Para doar, é preciso:
Ter a partir de 16 anos;
Ter peso igual ou superior a 50 quilos;
Estar bem alimentado, mas evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação;
Ter dormido pelo menos seis horas à noite;
Não estar em jejum;
Não tomar bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação;
Evitar fumar por pelo menos duas horas antes da doação.
Intervalo entre doações:
Homens: 60 dias (até quatro doações por ano);
Mulheres: 90 dias (até três doações por ano).
Quem não pode doar?
Quem teve diagnóstico de hepatite após os 11 anos de idade;
Mulheres grávidas ou que estejam amamentando;
Pessoas que estão expostas a doenças transmissíveis pelo sangue, como Aids, hepatite, sífilis e doença de chagas.
Veja onde doar sangue na região
Jaú - Hemonúcleo Regional de Jaú, no Hospital Amaral Carvalho
Endereço: Rua Dona Silveria, 150
Horário: segunda a sexta, 7h30 às 13h, e sábados, das 7h30 às 12h
Informações: (14) 3602-1355
Marília - Hemocentro de Marília
Endereço: Rua Lourival Freire, 240, Bairro Fragata
Horário: segunda a sábado, das 7h às 13h
Informações: (14) 3402-1851
Bauru - Hemonúcleo do Hospital de Base (HB) de Bauru
Endereço: Rua Monsenhor Claro, 8-88
Horário: segunda a sexta, das 7h às 13h, e aos sábados, das 7h às 12h
Agendamento (opcional): (14) 3231-4771
Informações: hemonucleo.hb@famesp.org.br
Bauru - Hemovida, no Hospital Beneficiência Portuguesa
Endereço: Rua Gustavo Maciel, quadra 15
Horário: das 7h às 12h e das 13h30 às 16h
Agendamento e informações: WhatsApp, pelo (14) 99770-5078, ou ligação, pelos (14) 3223-6933 e 3208-4561
Botucatu - Hemocentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB-Unesp)
Endereço: Avenida Prof. Mário Rubens Guimarães Montenegro, s/n
Horário: segunda a sexta, das 8h às 16h30, e sábados, das 7h às 12h
Agendamento (atendimento preferencialmente agendado): WhatsApp, pelos (14) 996247055 e (14) 99631 5650, ou ligação, pelos (14) 3813-6931 e (14) 3811-6041, ramal 240
Informações: doesangue.hcfmb@unesp.br
Assis - Hemonúcleo de Assis
Endereço: Praça Dr. Symphronio Alves dos Santos, s/n, Centro
Horário: segunda a sexta, das 7h às 21h
Informações: (18) 3302-6025
Ourinhos - Banco de Sangue de Ourinhos
Endereço: Rua Joaquim de Azevedo, 604
Horário: segunda a sexta, das 7h às 15h
Informações: (14) 3302-2245 e (14) 99119-3616, ou pelos e-mails bso@bsoh.com.br e gerencia@bsoh.com.br
Tupã - Hemocentro de Tupã
Endereço: Rua Coroado, 775, Centro
Horário: das 7h30 às 11h
Informações: (14) 3495-1130
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