Cronologia das ações de Bacellar e Macário na véspera da operação que prendeu TH Joias é revelada pela PF

  • 17/12/2025
(Foto: Reprodução)
Desembargador federal é preso pela PF na 2ª fase da Operação Unha e Carne Uma cronologia minuciosa de mensagens, encontros e ações praticadas na véspera da Operação Zargun levou a Polícia Federal a ligar o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), e o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto ao vazamento de informações que antecedeu a prisão do então deputado estadual TH Joias. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça A sequência consta da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão preventiva do magistrado nesta terça-feira (16). Segundo a decisão, Bacellar e Macário trocaram mensagens e estiveram juntos presencialmente horas antes da deflagração da operação, enquanto Bacellar repassava informações a TH Joias sobre a ação policial. Desembargador Macário Judice Neto e o deputado estadual do RJ Rodrigo Bacellar Divulgação Para a PF, o alinhamento de condutas permitiu que o então deputado adotasse medidas para ocultar provas e tentar frustrar o cumprimento dos mandados. Macário Júdice Neto foi preso nesta terça pela Polícia Federal, na Barra da Tijuca, na segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento da Operação Zargun. Bacellar foi preso na primeira fase da investigação, em 3 de dezembro, mas teve a soltura autorizada pelo plenário da Alerj. TH Joias foi preso em setembro, suspeito de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, e foi transferido para um presídio federal por determinação do STF. O roteiro da véspera da operação A decisão de Alexandre de Moraes descreve, ponto a ponto, as ações que, segundo a Polícia Federal, demonstram o alinhamento entre os três investigados no dia 2 de setembro de 2025, véspera da prisão de TH Joias. TH Joias usou um caminhão-baú para tirar móveis de sua casa antes de operação policial, diz PF. Reprodução Às 10h49, a Polícia Federal comunicou à assessoria do desembargador Macário Júdice Neto a intenção de cumprir os mandados da Operação Zargun na manhã do dia seguinte. O magistrado era relator de um inquérito que se juntaria à investigação principal. Às 11h16, um assessor do desembargador respondeu à PF informando que estava no tribunal e que falaria imediatamente com o magistrado. Na mensagem, escreveu: “Acabei de chegar no Tribunal e vamos resolver isso”. Rodrigo Bacellar afirmou, em depoimento à PF, que, entre 11h e meio-dia, conversou com TH Joias no Palácio Tiradentes sobre a suposta operação policial. Ele afirmou que sabia que ocorreria uma operação policial que teria como alvo um parlamentar. Na noite daquele mesmo dia, TH Joias passou a adotar uma série de medidas consideradas suspeitas pelos investigadores. Ele retirou pertences da residência, criou um novo Apple ID, passou a usar um novo telefone celular, abriu uma nova conta de WhatsApp e intensificou a troca de mensagens com pessoas próximas, incluindo Bacellar. Por volta das 21h, Bacellar comunicou TH Joias sobre a operação policial enquanto estava acompanhado do desembargador Macário Júdice Neto, em uma churrascaria no Aterro do Flamengo. Desembargador tentou salvar aliança Castro-Bacellar, mas ouviu promessa de guerra Às 22h04, Bacellar enviou mensagem a uma funcionária do Detran informando que estava “no jantar com desembargador”. Às 22h12, também comunicou a um assessor que estava na churrascaria com Macário. Para a Polícia Federal, o encontro presencial entre Bacellar e o desembargador, somado à rapidez com que Bacellar respondeu às mensagens de TH Joias com orientações sobre a retirada de objetos da residência, indica possível participação direta no vazamento das informações sigilosas. 'Te amo', 'Sou teu fã': Bacellar e desembargador trocavam mensagens A decisão do STF também destaca mensagens trocadas entre Bacellar e Macário Júdice Neto que, segundo a PF, revelam uma relação de intimidade, confiança e lealdade. Em outubro, o desembargador escreveu para Bacellar: “Te amo”. O então presidente da Alerj respondeu: “Sou teu fã”. Em outra conversa, Bacellar afirmou: “Você é irmão de vida”, ao que o magistrado respondeu: “Recíproco”. Em novembro, Bacellar reforçou o vínculo ao escrever: “Você eu levo pro caixão meu irmão nunca duvide disso”. Macário respondeu: “Obrigado pela confiança”. Bacellar e desembargador: PF investiga 'troca de carinho' A investigação aponta que a relação também envolvia troca de favores. Em uma conversa, o desembargador pediu ingressos para um jogo do Flamengo. “Nem que eu arrebente o portão darei um jeito”, respondeu Bacellar. Em outra mensagem, o deputado afirmou: “Sempre que precisar tô aqui pra qq parada, em especial na hora ruim”, escreveu. 'Bebo sangue' do governador A decisão de Alexandre de Moraes também revelou mensagens em que o desembargador tentou atuar como intermediador político entre Bacellar e o governador Cláudio Castro. “Irmão, lamentável esse momento! Penso que separados serão vulneráveis”, escreveu Macário no dia 4 de novembro, enquanto a crise política no Rio de Janeiro escalava. O desembargador tentava convencer o aliado de que o rompimento prejudicaria os planos eleitorais de Castro (que almeja o Senado) e a força política do próprio grupo. "Evitemos esse embate", pediu o juiz, sugerindo cautela: "Mas pensemos juntos. Não verbalize nada agora". A tentativa de pacificação, no entanto, bateu de frente com a fúria de Rodrigo Bacellar. O presidente da Alerj respondeu com mensagens carregadas de violência retórica, rejeitando qualquer recuo. “Se ele quiser me enfrentar, bebo sangue dele irmão”. E completou: “Sou da roça, amo brigar com peixeira na mão”, respondeu Bacellar. Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj, e o governador Cláudio Castro Divulgação Bacellar ainda justificou sua raiva, enviando ao desembargador (provavelmente um print ou link) algo sobre o governador: "Só te mandei pra te mostrar que ele ama ser vítima e o mundo é o culpado, ele sempre inocente". Para a PF, o diálogo demonstra que o magistrado havia abandonado a postura de imparcialidade e atuava como conselheiro político do então presidente da Alerj. Defesa do desembargador Em nota, a defesa de Macário Júdice Neto afirmou que o ministro Alexandre de Moraes “foi induzido a erro” ao decretar a prisão. Os advogados também disseram que não tiveram acesso à decisão e que isso “obsta o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”. A defesa informou ainda que vai apresentar esclarecimentos nos autos e pedir a imediata soltura do desembargador.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/12/17/cronologia-das-acoes-de-bacellar-e-macario-na-vespera-da-operacao-que-prendeu-th-joias-e-revelada-pela-pf.ghtml


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