Crédito emergencial esbarra em burocracias e pescadores afetados por poluição no Tietê não recebem dinheiro: 'Faço bicos para sobreviver'

  • 09/05/2025
(Foto: Reprodução)
Quase um mês após anúncio de ajuda do Governo de SP, trabalhadores da pesca seguem sem acesso ao empréstimo prometido. Poluição no rio continua impedindo atividade na região de Ubarana. Pescadores do Rio Tietê reclamam de dificuldades para obter crédito do governo de SP A ajuda anunciada pelo Governo de São Paulo no dia 14 de abril para pescadores e piscicultores afetados pela mortandade de peixes no Rio Tietê ainda não saiu do papel para muitos dos profissionais da região de Ubarana, no interior do estado. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Apesar da promessa de até R$ 20 mil em crédito emergencial com juro zero, a liberação dos valores esbarra em exigências burocráticas que vêm impedindo o acesso ao recurso, considerado por muitos o único alívio possível para quem está sem renda há mais de dois meses. A linha de crédito, que totaliza R$ 2,5 milhões, foi criada pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e seria voltada exclusivamente para pescadores artesanais e piscicultores atingidos diretamente pela mortandade de peixes no Tietê e seus afluentes. O crédito é concedido por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) e precisa ser solicitado nas Casas da Agricultura dos municípios afetados, mediante apresentação de uma lista extensa de documentos pessoais, profissionais e comprovações de renda. Rio Tietê, em Ubarana (SP), segue apresentando coloração verde e mau cheiro Reprodução/TV TEM Mas, na prática, os pescadores relatam que muitos dos documentos exigidos, como certidões da embarcação, carteira de habilitação náutica e declarações fiscais, são difíceis de obter ou mesmo inexistem para trabalhadores informais e autônomos que sempre dependeram da pesca para sobreviver. "Eles pedem muita documentação. Documento que eu nem sabia que existia. Não consigo ter acesso de jeito nenhum", relata o pescador Antônio Carvalho, que está parado há quase dois meses por causa da poluição do rio. Gelson Costa, também pescador, conta que tem recorrido a bicos para sobreviver. "A gente pega um bico de solda, eletricista, pedreiro, carpinteiro, para poder fechar a conta e sobreviver. Mas não fecha no final do mês. Se a água morrer, o peixe morrer, acabou nossa sobrevivência", desabafa. Governador comenta Durante visita a Itapeva (SP), na quinta-feira (8), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que está sempre disposto a ouvir os pescadores e piscicultores, mas ressaltou que as documentações exigidas estão de acordo com a legislação. "Nós temos alguns regramentos para cumprir, porque a gente tem que sempre proteger o estado da questão da inadimplência", afirmou o governador, durante lançamento da Caravana 3D, programa de visitas a cidades do interior. "Só no dia de hoje, de manhã, foram nove linhas de crédito liberadas. A nossa ideia é sempre remover a burocracia", completou Tarcísio. O governador destacou ainda o investimento de R$ 70 bilhões que será feito até 2029 para universalizar o saneamento em municípios e áreas ao longo do Rio Tietê, de forma a resolver o problema da poluição do manancial. Impróprio Enquanto isso, o Rio Tietê permanece impróprio para a pesca. Em nova visita à prainha de Ubarana nesta semana, a equipe da TV TEM encontrou a água ainda tomada por uma mancha verde espessa. O cenário é semelhante ao de março, quando toneladas de peixes morreram e a pesca foi interrompida. Situação em abril do afluente do Rio Tietê em Ubarana (SP) Reprodução/TV TEM O Governo de São Paulo afirma que está atuando por meio do Grupo de Fiscalização Integrada das Águas do Rio Tietê (GFI-Tietê), que percorreu mais de 3,9 mil km de trechos navegáveis do rio, aplicou 82 autos de infração ambiental e vistoriou estações de tratamento de esgoto e empresas da região. Ainda segundo a Secretaria Estadual de Agricultura, a linha de crédito tem como foco a retomada da atividade produtiva e, não, o custeio de despesas básicas de sobrevivência. "A gente consegue apoiar na retomada da produção. Agora, para quem precisa pagar conta ou comprar comida, o caminho é o Cras", disse Felipe Augusto Nascimento, da assistência técnica e políticas públicas da CAT. Relembre a situação O Rio Tietê tem apresentado coloração esverdeada e acúmulo de algas, principalmente nos trechos dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Nova Avanhandava (SP) e Promissão (SP). A eutrofização, processo causado pelo excesso de nutrientes na água, tem resultado em baixa oxigenação e mortandade de peixes e camarões. No fim de março, piscicultores de Ubarana retiraram mais de 30 toneladas de peixes mortos em um dos trechos do rio. Mais de 30 toneladas de peixes mortos são retirados por piscicultores do Rio Tietê em Ubarana (SP) Rogério Pedrozo/TV TEM Dias depois, moradores de Glicério relataram mudança na cor da água e o surgimento de uma espuma esverdeada que tomou conta das margens. A situação afetou diretamente a pesca artesanal e o turismo, com motores de barcos entupidos por algas. Já no início de abril, prefeitos da região se reuniram em Sales (SP) para discutir o problema, mas a reunião terminou sem decisões concretas. Posteriormente, imagens de satélite divulgadas mostraram a diferença na coloração da água, reforçando o avanço da poluição no rio. Imagens capturadas por satélite mostram a diferença na cor do Rio Tietê no noroeste de SP Veja mais notícias da região no g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2025/05/09/credito-emergencial-esbarra-em-burocracias-e-pescadores-afetados-por-poluicao-no-tiete-nao-recebem-dinheiro-faco-bicos-para-sobreviver.ghtml


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