Caso Moisés Alencastro: População pode ajudar nas investigações por meio de canal de denúncias do MP
23/12/2025
(Foto: Reprodução) Familiares e amigos participaram de velório de Moisés Ferreira Alencastro, de 59 anos
O Ministério Público do Acre (MP-AC) divulgou um canal para a população auxiliar nas investigações da morte do ativista LGBTQIA+, colunista e servidor do órgão, Moisés Ferreira Alencastro, de 59 anos, encontrado morto a facadas na noite dessa segunda-feira (22),
O canal de denúncias Investigador Cidadão permite o envio de informações de forma anônima através do WhatsApp (68) 99993-2414, e foi criado com o intuito de obter informações que possam contribuir nas investigações do caso.
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Ainda segundo o MP, o canal aceita o envio de textos, fotos, vídeos e áudios. Chamadas telefônicas não são permitidas. Investigações preliminares apontam que Alencastro pode ter sido vítima de um homicídio seguido de roubo e não de um latrocínio, roubo seguido de morte, hipótese levantada inicialmente pela Polícia Civil.
"As denúncias recebidas poderão ser encaminhadas ou compartilhadas com outros órgãos de segurança, conforme a necessidade", reforça o comunicado.
Saiba quem era Moisés Alencastro
Em nota, o MP-AC confirmou que a vítima sofreu vários facadas e uma tentantiva de degolamento. Diante da gravidade do caso, o órgão destacou que 'espera-se que os fatos sejam rigorosamente apurados, com a correta definição jurídica do crime e a responsabilização penal proporcional à gravidade da conduta'.
O MP-AC também afirmou que acompanha as investigações com a Polícia Civil. "Destacamos, ainda, a plena confiança no rápido e eficiente trabalho desempenhado pela Polícia Civil na elucidação do caso, inclusive, com a devida qualificação a ser dada ao crime. Desde o primeiro momento, a instituição tem empenhado esforços grandiosos para o enfrentamento deste delito, de modo a dar à sociedade a pronta resposta que se espera", refirmou.
Velório de Alecastro reúne amigos e familiares em Rio Branco
Foto: Pedro Marcelo/Rede Amazônica Acre
Velório
A morte de Moisés gerou comoção entre os amigos e familiares. O corpo do servidor público é velado na capela do Cemitério Morada da Paz deste às 15h desta terça. O enterro será nesta quarta (24) às 10h no mesmo local do velório.
As orientações sobre o local do velório e enterro pediam ainda que amigos e conhecidos comparecessem com roupas brancas, em respeito a religiões de matriz africana a qual Moisés frequentava.
À Rede Amazônica Acre, a procuradora de Justiça e chefe de Moisés no Centro de Atendimento à Vítima (CAV), Patrícia Rego, disse que o amigo, que era homossexual, sofreu homofobia e uma violência semelhante as que vivenciava no setor que atuava.
"Ele trabalhava ajudando vítimas no CAV e se tornou uma delas. Esse caso não foi o primeiro, já perdi outro amigo de forma semelhante. Quando isso ocorre, a gente morre junto. Essa é uma violência estrutural e o pano de fundo é a homofobia, que tem que ser combatida e os autores responsabilizados", disse emocionada.
Amigos, colegas de trabalho e autoridades compareceram ao velório de Moisés Alencastro
Pedro Marcelo/Rede Amazônica Acre
Assassinato
Moisés Alencastro foi visto pela última vez no domingo (21). Após perderem contato com ele, amigos e colegas passaram a tentar localizá-lo. O corpo foi encontrado no apartamento onde morava no bairro Morada do Sol, em Rio Branco, na noite dessa segunda-feira (22). O corpo tinha perfurações de faca.
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Caso Moisés Alencastro: polícia diz que autor do crime era conhecido da vítima
O carro dele, por sua vez, foi visto abandonado na tarde do mesmo dia na Estrada do Quixadá, zona rural de Rio Branco. Na manhã desta terça, a perícia retornou ao local para fazer um levantamento mais minucioso à luz do dia. O veículo estava com os pneus furados e o porta-malas aberto com alguns objetos pessoais da vítima.
“O que aparece até o momento é a ocorrência de um homicídio. Quando há intenção de roubar, o autor entra, rouba ou mata para se livrar da situação. Neste caso, o que se observa, preliminarmente, é que houve o homicídio e, posteriormente, foram levados alguns pertences”, explicou o coordenador da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Alcino Júnior ao g1.
Ainda segundo Alcino, entre os objetos roubados estão o carro e o telefone celular da vítima, além de outros itens ainda em levantamento. O celular de Moisés ainda não foi localizado. No entanto, ele ressaltou que o roubo não foi o motivador principal do crime.
“Latrocínio é quando se mata para roubar. Aqui, a dinâmica indica que a morte ocorreu primeiro e, depois, houve o aproveitamento da situação para levar os bens”, pontuou.
O delegado também informou que não há indícios de arrombamento no apartamento onde o corpo foi encontrado, o que reforça a linha de investigação de que a vítima conhecia o autor do crime.
“Não houve arrombamento. A entrada foi normal. Tudo indica que quem estava no imóvel tinha acesso consensual, ou seja, é alguém conhecido da vítima”, concluiu.
Carro de Moisés Alencastro foi encontrado na Estrada do Quixadá, em Rio Branco, e passa por perícia
Júnior Andrade/Rede Amazônica
Perícia
De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC), Sandro Martins, foram coletados vestígios biológicos e materiais, que passarão por análise técnica, incluindo exames genéticos e papiloscópicos, a fim de auxiliar na reconstituição do crime e na identificação de uma possível autoria.
“Na noite de ontem [22], a perícia esteve no local para o levantamento inicial, mas, por se tratar de um trabalho que exige melhor visibilidade, a equipe retornou hoje pela manhã para um exame mais minucioso. Agora, os peritos também fazem a análise do veículo para identificar vestígios que possam contribuir para a elucidação do caso”, explicou.
VÍDEOS: g1