Caso do PM indiciado por matar mecânico que tentou fugir de blitz é reaberto

  • 09/12/2025
(Foto: Reprodução)
Marcus Phelipe Souza de Almeida, que foi baleado após motorista furar uma blitz, em Goiânia, Goiás Arquivo pessoal/Wesllane Ferreira O caso do cabo da Polícia Militar indiciado por matar o mecânico Marcus Phelipe de Souza Almeida, de 27 anos, foi reaberto pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). O mecânico estava no banco do passageiro de um carro que fugiu de uma blitz, em Goiânia. O processo foi arquivado pelo próprio MP por considerar os elementos insuficientes para afirmar que o cabo havia cometido um crime. O g1 não conseguiu localizar a defesa dos policiais até a última atualização deste texto. O advogado da família da vítima, Lucas Rocha, informou que entrou com recurso administrativo no Ministério Público e que houve “equívoco por parte da promotoria de origem, ao ignorar o trabalho técnico da Polícia Civil”. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp Em nota, o advogado esclareceu que o laudo técnico da Polícia Civil indica que não houve disparo saindo do veículo e que desviar de blitz não configura crime e não autoriza o emprego de força letal (confira a nota completa ao final da reportagem). Mecânico morto ao fugir de blitz O mecânico foi morto em outubro de 2023, no Setor Residencial Bouganville, em Goiânia, durante a operação de trânsito "Balada Responsável". Ele e um colega iam para uma festa em direção a Aragoiânia. LEIA TAMBÉM: Policial militar é indiciado por matar jovem que tentou fugir de blitz com amigo em Goiânia PM é afastado por suspeita de matar passageiro de carro após motorista furar blitz, em Goiânia Foto de homem em situação de rua chorando após cachorro ser morto por policial causa comoção em moradores A Polícia Militar alegou que houve um confronto entre as pessoas que estavam no veículo e a equipe policial. Entretanto, a família da vítima não acredita que ele tenha atirado contra os policiais e que a arma tenha sido plantada. Na época, a PM informou, por nota, que "após o carro desobedecer à ordem de parada, os agentes acompanharam o veículo e, em seguida, houve confronto com a equipe policial". Marcus Phelipe foi baleado após motorista furar uma blitz, em Goiânia, Goiás Reprodução/Arquivo pessoal de Vitória Almeida Inquérito da morte do mecânico O inquérito da Polícia Civil concluiu que, embora os militares concordem parcialmente sobre a tentativa de fuga, eles apresentaram divergências ao falar sobre a suposta troca de tiros com o mecânico e sobre quem teria dado o tiro que o matou. O cabo alegou que os policiais reagiram após verem disparos vindos do carro, o que foi desmentido pelo amigo da vítima que estava também no veículo. Ele afirmou, no documento, que estava assustado na noite do ocorrido e que os tiros aconteceram logo no início da perseguição, com Marcus sendo baleado e caindo desacordado no ombro dele. A versão do amigo de Marcus foi comprovada pela perícia da Polícia Civil. Segundo o inquérito, a vítima já tinha sido atingida e que era improvável que tivesse reagido de alguma forma ou que tenha feito disparo de dentro do veículo, além de não ter sido comprovado que Marcus estivesse armado. Na época dos fatos, o cabo foi afastado das atividades. Indiciamento do PM PM é indiciado pela morte de jovem que teria fugido de blitz O cabo da Polícia Militar foi indiciado em julho deste ano. A investigação concluiu que o cabo assumiu o risco de matar ao disparar contra o carro em que o jovem estava. De acordo com o documento, não ficou comprovado que houve troca de tiros nem que a vítima estava armada, como alegado no relato policial. O g1 e a TV Anhanguera não conseguiram localizar a defesa do policial militar indiciado no inquérito. Em nota, a Polícia Militar afirmou, na época, que adotou os devidos procedimentos administrativos na época dos fatos e que o caso segue à disposição do Poder Judiciário. Nota do advogado da família A defesa de Marcos Felipe vem a público esclarecer fatos relevantes sobre o episódio que resultou em sua morte durante ação policial envolvendo o Batalhão do GIRO, a fim de conter a circulação de versões incompatíveis com as provas constantes dos autos. O laudo técnico elaborado pela Polícia Civil do Estado de Goiás evidencia, de forma categórica, que não houve qualquer disparo proveniente do interior do veículo conduzido por Marcos Felipe. Nenhuma marca, resíduo ou trajetória de projéteis partindo do carro foi identificada, o que desmonta por completo a narrativa inicial de “troca de tiros”. Outro ponto gravíssimo diz respeito à demora injustificável na realização da perícia no veículo, ocasionada pela informação incorreta prestada pelos próprios policiais militares no dia dos fatos, que afirmaram aos órgãos de investigação que não havia vítima fatal. Essa comunicação equivocada atrasou a pronta atuação pericial, comprometendo a celeridade que deve orientar casos envolvendo uso de força letal por agentes do Estado. Ressalta-se, ainda, a evidente desproporcionalidade na dinâmica da ocorrência. Marcos Felipe conduzia um Volkswagen Gol 1996, motor 1.0, rebaixado e equipado com sistema de som, veículo sem qualquer capacidade mecânica para competir ou fugir de motocicletas de alta performance utilizadas pelo GIRO. A tese de que representava ameaça ou vantagem operacional não encontra qualquer sustentação técnica. É igualmente relevante destacar que Marcos Felipe possuía bons antecedentes, não possuía ficha criminal e não há nada que desabone sua conduta. O simples fato de desviar de uma blitz — atitude que, por si só, não configura crime — não autoriza o emprego de força letal e tampouco qualifica o cidadão como infrator. Diante das inconsistências entre o relato policial e o conjunto probatório, foi protocolado recurso administrativo perante a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás, requerendo o desarquivamento do inquérito, o oferecimento da denúncia e o regular prosseguimento do processo. Há, nos autos, indícios suficientes de autoria e materialidade, cumprindo plenamente os requisitos legais para o ajuizamento da ação penal. Se os agentes públicos envolvidos sustentam ter agido em legítima defesa, que tal alegação seja submetida ao Tribunal do Júri, perante a sociedade, sob escrutínio constitucional e processual apropriado — e não utilizada como argumento antecipado para impedir o avanço da investigação. A defesa entende que houve equívoco por parte da promotoria de origem, ao ignorar o trabalho técnico da Polícia Civil, que apurou, com rigor, elementos essenciais para o prosseguimento da persecução penal. A reavaliação do caso pela Procuradoria-Geral é medida necessária para assegurar transparência, legalidade e justiça, como exige o Estado Democrático de Direito. Por fim, reafirma-se o compromisso absoluto com a verdade, com a devida responsabilização e com a defesa da vida e da dignidade humana, assegurando à sociedade goiana informações claras e condutas institucionais compatíveis com o dever constitucional de tutela dos direitos fundamentais. Nota da Polícia Militar A Polícia Militar de Goiás (PMGO) informa que o referido caso está sob a égide do Poder Judiciário, e a Corporação permanece cumprindo todas as determinações emitidas pelas autoridades competentes. A PMGO reafirma seu compromisso institucional de colaborar com o Poder Judiciário e de cumprir integralmente todas as suas decisões. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás

FONTE: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2025/12/09/caso-do-pm-indiciado-por-matar-mecanico-que-tentou-fugir-de-blitz-e-reaberto.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Top 5

top1
1. saudade da minha vida

gustavo lima

top2
2. uai

zé neto e cristiano

top3
3. rancorosa

henrique e juliano

top4
4. eu e voce

jorge e matheus

top5
5. solteirou

luan santana

Anunciantes